sábado, 25 de dezembro de 2010

Mozine: O 'Poderoso Chefão' do rock independente


Ele é vocalista e guitarrista em uma banda, baixista de outra, baixista e vocalista em mais uma, dono de um dos selos mais legais do Brasil, grande incentivador do rock, principalmente da cena underground. Nós do zine Canibal Vegetariano conversamos com Mozine (Mukeka di Rato, Os Pedrero, Merda e dono da Laja Records), para saber mais sobre este importante empresário do rock independente.

Canibal Vegetariano: Cara, por favor, apresente-se aos leitores de nosso zine.
Mozine:
Oi, meu nome é Fabão, tenho 34 anos, gosto de Roberto Carlos, GG Allin, Frankito Lopes e DRI, sou capricorniano, odeio The Smiths, sim, eu não gosto dessa banda chata.

 Arquivo Pessoal
O poderoso 'Chefão' em pé junto com a galera da Mukeka di Rato em um clima bem capixaba

CV: Quando começou essa paixão pelo rock e como isso aconteceu? Quais são suas bandas favoritas?
M:
Falei das bandas ali em cima, esqueci de Adelino Nascimento, o melhor cantor que já existiu no Brasil. Acho que já nasci assim, desde pequeno gosto de música, pancadão, samba, rock, etc.  Gostava muito de desenho de capeta quando era criança também, antes de ser Flamengo eu era América porque o logotipo era o satanás.

CV: Quantos anos você tinha quando montou sua primeira banda? Qual era o nome dela?
M:
Revolta Social, era uma banda meio anarco punk, sei lá bicho, punk, eu batia nos armários, batia em lata, com uns caras aí, Renan, Washington e Clayton.  Logo após montei o Carcará com Zuzu que seria o vocal/guitarra dos Pedrero no futuro.  Só depois dessas duas cagadas montei o Mukeka di Rato, em 1995 ou 94, e a partir daí o pau continua quebrando. Se hoje eu tenho 34 anos, não sei quantos anos eu tinha em 1995.

CV: Como surgiu a Laja Records? Ela veio antes das bandas em que você toca atualmente?
M:
A Laja surgiu única e exclusivamente para lançar os CDs da Mukeka di Rato por eu achar que as gravadoras que trabalhavam com a gente na época eram muito incompetentes (sem querer falar mal, sendo apenas sincero, porra!!!). Porém percebi que poderia lançar outras bandas, e aí estou agarrado com isso até hoje, mas me divertindo muito.

CV: Quais os critérios que você usa para a Laja divulgar? Você recebe muitos CDs de bandas que não sejam de rock pauleira? O que você diz para quem não é lançado pelo selo?
M:
Eu digo bem assim: desculpe, mas não posso lançar sua banda. Recebo CDs de todos os tipos de música, apesar de ser bem eclético no meu dia a dia, indo até em bailes funks para me divertir, a Laja mantém um estilo, não gosto de quebrá-lo. Eu tenho usado a Internet, Twitter, Fotolog, entrevistas, mas mando também material para blogs e revistas que eu mais gosto no Brasil.

CV: Cara, você acha que o consumo de CDs tende a cair ainda mais nos próximos anos? Qual sua expectativa como proprietário da Laja? E os vinis?
M:
CD tá tenso, cada vez vou prensar menos CDs, mas não sei se vai cair tanto mais não, acho que estabilizou, num patamar ridículo, mas estabilizou, ai véio, quer saber, parei de querer prever o que vai acontecer no mercado fonográfico, tá bizarro essa tecnologia, amanhã nego inventa outra parada, aí fodeu tudo de novo. Vinil é uma paixão né, feliz de ter acabado de realizar um sonho que foi prensar o Gaiola (álbum lançado pela Mukeka di Rato) na França e pretendo lançar muito mais títulos.

CV: Além de CDs e DVDs, a Laja lança livros também. Como foi, ou como está, a venda dos livros que você lançou e quais os títulos? Comente sobre sua experiência como escritor.
M:
Gostei, acho que consegui fazer exatamente o que eu queria, que era escrever algo de fácil leitura, engraçadinho, sincero, real, ligeiro, com a minha cara, dando a impressão que eu estivesse conversando com você. E foram esses os elogios que recebi então estou feliz. Vendi 800 cópias duma tiragem de 1.000 livros, irado, Paulo Coelho vai tomar no cú!

Divulgação

Mozine, além do baixo, ele toca guitarra na Merda e ainda comanda a Laja Records. Tudo sem falar nos Pedrero

CV: Agora vamos falar de suas bandas. Como surgiu a Mukeka di Rato? E falando em Mukeka, fale desta recente passagem por Portugal e França. Além desses países, vocês já passaram pelo Japão. Como é a cena de rock independente nestes lugares?
M:
Já tocamos na Argentina, Uruguai, Chile, Portugal, França e Japão. De todos, o Japão foi o mais legal, mas pegamos muito bem com a França também. A cena hardcore é parecida no mundo todo, os mesmos moleques, mesmas tatuagens, mesmas bandas, mesmo LPs, mesmos vícios, etc. Porém no Japão, TUDO é diferente e mais legal, por ser diferente, o impacto é muito grande.  Pegamos muito bem com a França e queremos voltar pra fazer uma tour por lá, somente lá!

CV: E o público destes países, como eles recebem a proposta musical da Mukeka? Quem é o público de vocês atualmente? Fui em um show, e vi poucos adolescentes e muitos adultos, inclusive mulheres. O que você pensa sobre isso?
M:
Fomos bem recebidos em todos os lugares que fomos, mas no Japão foi algo realmente bizarro e brutal. O Japão é um bagulho inesquecível para nós. Você deu sorte de ver mulher no show da Mukeka, isso é raro, eu acho que nosso público mantem uma faixa jovem ainda, muito forte isso, dá muito moleque no show, mas pode ser que agora que com essa desgraça chamada emo e Restart, os jovens comecem a migrar para essa doença e pinte mais velhos no show do MDR. 

CV: Cara, vocês eram independentes e atualmente estão na Deck Disc. Como surgiu o convite e qual o motivo que levou vocês a trabalhar com a Deck? E o DVD, qual a previsão de lançamento?
M:
Cara, estamos na Deck, sim, mas eu considero uma banda 110% independente. A Deck nos dá toda liberdade de trabalhar livremente, não se mete em nada e quando pode ajudar, ajuda. É simples demais para nós trabalharmos com os caras, é como se fossemos do mundo e da Deck. Eles liberam músicas para coletâneas punks, liberam a gente para lançar outro material por outros selos, liberam o disco para gringa, a Deck é sangue!!!

CV: Além da Mukeka, você também participa d'Os Pedrero e da Merda. Qual delas surgiu primeiro? E o que te motivou a participar de outra banda?
M:
É bicho, nem sei exatamente porque fui montando tanta banda doida bicho, mas foi surgindo, sei lá. Os Pedrero veio antes. Também tenho um projeto chamado Tenebrio Peixoto que nunca saiu do papel apesar de eu ter composto mais de 30 músicas, um dia eu gravo, seria brega o projeto. Também já toquei numa banda de Roberto Carlos anos 60 (cover) que pode voltar a qualquer momento e estou montando uma banda chamada Os Dotadões para tocar Cascavelletes. Tenho problemas?

Divulgação
Fábio Mozine com seu baixo e uma cerveja gelada em algum show pelo Brasil, ou exterior?

CV: Como é tocar em três bandas ao mesmo tempo e ainda administrar a Laja Records? E como você consegue tempo para a vida particular?
M:
É uma doidera doida bicho, tô todo doído, todo cagado, mas tá rolando, eu sou workaholic, estar acordado para mim significa estar trabalhando, com dois celulares no bolso e mandando e-mails, no msn, no twitter...

CV: Agora voltando as bandas, fale um pouco do novo CD d'Os Pedrero "Sou feio mas tenho banda". Como está a agenda de shows e como está a aceitação do público com este novo trabalho?
M:
O público sempre fala que gosta, não sei se estão mentindo ou apenas falam isso por falar.  Temos feito alguns poucos shows, mas é isso mesmo, esta na frequência da banda. Acabamos de gravar 6 músicas pra um EP em vinl chamado "Pin up Gordinha", com capa de Victor Stephan, vocalista dos Estudantes, ficou brutal.

CV: Para você, qual a diferença entre a Mukeka, Os Pedrero e a Merda?
M:
Mukeka é hardcore reto, político. Os Pedrero é rock hardcore doido, Merda banda doida, pode tudo.

CV: Agora falando sobre a Merda, vocês acabaram de lançar um split com a banda DFC. Qual o motivo que leva as bandas a lançar split?
M:
Amizade, cachaça e afinidade musical.

CV: Além do CD, atualmente vocês estão divulgando o DVD "Breaking Brazilian Bones in Europe" sobre a turnê que você realizaram em parceria com a Leptospirose em 2007. Como está a divulgação deste trabalho?
M:
Divulgação normal feita pela Laja, ou seja, divulgar na Internet e enviar para lista de revistas e blogs que eu mais gosto. Estamos planejando algumas exibições públicas do filme, tem passado em pequenos cinemas, salas, mostras, festivais, a galera tem recebido bem, se pá nego nem vê, mas fala que gosta para puxar o saco!

CV: Vou te perguntar algo que você deve estar com o saco cheio de responder, mas muita gente tem curiosidade em saber. Por que a banda chama-se Merda? Tem alguma influência do filme "Joey e as baratas"?
M:
Não tem influência nenhuma disso aí. Tô ligado nesse filme mas nem sei porque perguntou isso, o cara tinha uma banda chamada Merda nesse filme chato? Bicho, não sei porque tem esse nome, sério, acho que porque talvez fosse uma Merda, será isso?

CV: Você faz parte de três bandas que tocam hardcore. Em algumas vocês fazem algumas críticas, mas costumam "zuar" bastante, tirando sarro e falando de outros assuntos. Admiro o estilo debochado de vocês. Como o público encara esta zueira? E o que vocês pensam dos caras que tocam o mesmo estilo de vocês e ficam com pose e cara de mal, só usa roupa preta e preso a ouvir somente um estilo musical?
M:
Cada um cada um, não fico observando como os outros são ou se comportam, cago para os outros, cuido da minha vida. Acho que a galera já acostumou com nosso sarcasmo. Não é nada tão diferente assim, Dead Kennedys já fez há 20 anos. Nós tentamos fazer algo parecido.

CV: Este foi um ano com vários lançamentos de seus projetos. Há mais por vir até o fim do ano? E a Laja?
M:
Tem bicho, esse ano tá tenso. Até o final do ano sai o DVD da Mukeka di Rato no Japão, um documentário com um show extra feito em Vitória e shows no Japão em geral. Sai também DVD do BB. Kid antologia. Ano que vem tem DVD Laja 100, contando a trajetória da Laja. Agora, acabou de sair o CD da Dizzy Queen. Vou lançar um menino capixaba chamado Fe Paschoal, meio tropicalista hardcore doido cheio da maconha, vai sair o pin up gordinha d'Os Pedrero e o aguardado Atletas de Fristo, da Mukeka di Rato pela Deck.

CV: Mozine, valeu pela entrevista e o espaço é teu. Critique, xingue, agradeça, divulgue seus trabalhos...
M:
Bicho, 100% é nós! Valeu a você pelo espaço e tamo aí béacho, fala que eu te escuto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sérgio Pereira Couto: jornalista e escritor fala sobre sua paixão por rock e história

Sérgio Pereira Couto é jornalista e escritor, autor de mais de 40 livros entre ficção e não ficção nas áreas de história antiga, esoterismo, romance policial e história do rock. Além de tudo isso, é também um estudioso do classic rock e admirador de Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Deep Purple e The Doors. Conheça mais sobre Sérgio nesta entrevista exlusiva que ele concedeu ao blog Canibal Vegetariano.
 Divulgação
O escritor Sérgio Pereira Couto é autor de 40 obras e ainda tem muitas estórias e histórias para contar

Canibal Vegetariano: Cara, como e quando você começou a carreira de escritor?
Sérgio: Comecei a carreira em 2004, quando compilei várias entrevistas com sociedades secretas para o lançamento de um livro desse gênero. Meu editor achou que seria mais fácil vender o peixe se eu inserisse as informações num romance e aí criei uma história de fundo e coloquei o conteúdo das entrevistas quase na íntegra. Estávamos já com tudo pronto quando chegou por aqui O Código da Vinci, de Dan Brown, que estourou de vendagem. Lançamos o Sociedades Secretas, meu primeiro romance, pouco depois. Inseri nele algumas falas sobre o livro de Brown e tornei a narrativa mais cheia de  citações de cultura geral, inclusive alusões a nomes como Pink Floyd, The Doors e Led Zeppelin que, de uma maneira ou outra, eram ligados ao esoterismo. Hoje o livro está na terceira edição e vende muito bem.

CV: Você teve influência de algum escritor?
S: Neil Gaiman, Stephen King, Alan Moore, Raymond Chandler, Giulio Leoni, Ian Fleming e Patricia Cornwell, não necessariamente nessa ordem...

CV: Quantas obras você lançou?
S: Até o momento exatos 40 títulos e tenho mais dois romances em análise, três de não ficção encomendados, seis em fase de transformação para áudio book e mais quatro em fase de planejamento.

CV: Como é para você escrever sobre fatos históricos e musicais? Há muita diferença? Qual seu estilo preferido?
S: Escrever sobre fatos históricos é muito rico à medida em que você aprende com o objeto que você estuda. Descobrir detalhes pouco divulgados ou mesmo inserir tudo num contexto pouco explorado mas verossímil é um excelente exercício para sua imaginação, além de ser uma experiência e tanto, à medida que você descobre que há muito mais na história do que os livros contam. Falar sobre os fatos musicais não apresenta muita diferença, já que o ponto de vista histórico é sempre o mesmo. O que você tem que tomar cuidado é atentar para que seu trabalho saia com uma cara profissional e não de algo que um fã faria. E, de longe, meu estilo predileto é o policial/suspense. Se colocar tudo junto, então, aí me sinto mais à vontade.

CV: Agora vamos falar especificamente sobre Help, A Lenda de um Beatlemaníaco. Como surgiu essa história?
S: Tive minha fase beatlemaníaca há alguns anos quando fiz minha peregrinação a Liverpool. Sempre achei que a ideia de que a cidade era tão colorida quanto os Beatles era meio falsa. E já em Londres vi que tinha razão: era, afinal, o local onde Jack o Estripador atacou. E imaginei como deveria ser difícil para os jovens de hoje crescerem numa cidade como Liverpool à sombra de um grupo musical que deixou de existir há exatos 40 anos. E venhamos: de todos os fãs de bandas, acredito que os fãs dos Beatles são os mais radicais que existem. Nem os de Elvis são tão assim. Imaginei então algo para juntar tudo e como já havia a Beatle Week, o evento anual onde bandas cover do mundo todo se reúnem por lá, consegui o cenário que queria. E sem contar que a cultura beatle é mundial e atemporal.

CV: Como você se tornou um beatlemaníaco?
S: Frequentei por muito tempo o cenário beatle de São Paulo e conheço várias bandas que estão em atividade até hoje, como a Comitatus, a Beatles Alive e a Beatles 4 Ever. E fora que continuo um adorador da obra do quarteto, seja ela em grupo ou solo.

CV: A impressão que você passa no livro é que conhece bem a cidade de Liverpool, devido aos detalhes que você cita. Fale um pouco mais sobre o assunto.
S: Eu sempre brinco que, enquanto os muçulmanos fazem peregrinações à Meca, os beatlemaníacos fazem o mesmo para Liverpool. Assim, fiz a minha há alguns anos. E fiz questão de ir apenas com alguns mapas e sozinho, para explorar bem os locais e reunir bastante material turístico sobre os pontos mais citados nas biografias do quarteto. Foi uma experiência muito incrível refazer os passos de todos, de Abbey Road até a Saville Row (onde ficavam os escritórios da Apple), em Londres, e em Liverpool, das casas onde eles nasceram até as docas, as estátuas de Eleanor Rigby e do submarino amarelo e adentrar o Cavern Club, além de ter participado da Magical Mistery Tour no ônibus do filme. Anotei tudo e recolhi o máximo que pude de panfletos para ter material de pesquisa suficiente.
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Sua banda favorita é The Doors, mas ele também teve uma fase de beatlemaníaco

CV: Quando você escreve, os personagens surgem um a um, ou a estória vem como um todo?
S: No geral, tenho um esqueleto da história, ou seja, um esquema onde sei o que vai acontecer. Depois vou inserindo aos poucos os personagens. De longe o que dá mais trabalho de montar são os personagens. Enquanto não houver coesão e verossimilhança, não tem condições de serem inseridos na trama. Às vezes você acha que tal situação ficaria bem com um protagonista, mas na verdade é uma mulher que daria o efeito que você tanto almeja. Ou seja, é um laboratório onde você tem que experimentar várias vezes até conseguir o melhor efeito desejado. E com esse livro não foi fácil, já que visa um público conhecedor e exigente por natureza.

CV: E seus livros sobre Hitler. O que te motivou a escrever sobre um dos nomes mais odiados da história?
S: Na verdade estava discutindo com o editor, que queria iniciar uma série de biografias históricas. Queríamos um nome que fosse polêmico e que, ao mesmo tempo, permitisse que se fizesse uma análise histórica imparcial, livre de preconceitos. Hitler sempre foi um nome que causa calafrios ao ser pronunciado, mas, apesar das atrocidades cometidas (que são inegáveis), merece que seja analisado como qualquer outro ditador histórico.

CV: Como é a vida de escritor no Brasil? É possível viver somente desse trabalho?
S: Infelizmente não é uma vida fácil, mesmo quando você é jornalista. Afinal, nós, que vivemos da escrita, ganhamos por produção, e esse é o motivo pelo qual tenho tantos títulos. A maioria das pessoas que conheço dessa área mantém pelo menos mais dois serviços juntamente com este. Eu mesmo não sou uma exceção. Mas o contato que mantemos com o público em geral é gratificante e não há nada melhor do que ouvir alguém dizer que comprou um livro seu e adorou a leitura...

CV: Sérgio, agradeço pela entrevista e deixo espaço para que você teça seus comentários finais, valeu.
S: Eu é que agradeço a oportunidade que você abriu para poder dialogar com seus leitores. E apenas lembro: muito rock´n´roll na veia e, na hora de escolher um livro, parodiando John Lennon, “Tudo o que dizemos é dê uma chance ao escritor nacional”.

Help: A lenda de um beatlemaníaco
Sérgio Pereira Couto - 286 páginas - Editora Idea

 Eu não sou fã de Beatles, conto nos dedos os discos e as músicas que gosto da banda, mas o que me levou a ler este livro, foi o próprio escritor, Sérgio Pereira Couto, que conheci durante a Bienal do Livro em Sampa, em agosto deste ano.
Comecei a ler a obra por curiosidade e logo nas primeiras páginas notei que havia algo diferente, interessante e intrigante. Terminei a leitura em pouco mais de três dias, devido a enorme curiosidade para saber o desfecho da trama. Quem é fã de Beatles com certeza curtirá ainda mais devido a enorme quantidade de informações da banda, mas quem não é fã, como é meu caso, fucará amarradão devido as idas e vindas da estória, muito bem amarrada pelo autor.
    Independente de gostar ou de rock, gostar ou não de Beatles, o livro é totalmente recomendável, pois quem gosta de uma boa trama policial, cheia de suspenses e surpresas, não pode perder este livro, pois emoções não faltam nas páginas desta obra.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CDs, disco, livro e filme que devem ser apreciados

CDs
 Os Pedrero - Sou feio mas tenho banda
Laja Records - Ideal Records - Pisces Records - MCR Company

O novo disco d'Os Pedrero é um hardcore misturado com punk muito bem gravado e com músicas que poderiam rolar em muitas rádios pelo mundo afora, não dependendo apenas de divulgação via Internet.
Além do bom e velho hardcore, em algumas músicas os caras parecem tirar uma onda com as bandinhas coloridas que infestam a grande mídia. E isso acaba sendo um ponto forte da banda, pois o rock fica mais "louco" e em alguns momentos sendo muito engraçado. A faixa de destaque da nova "bolachinha" é a música que dá título ao disco, "Sou feio mas tenho banda". "Ela não liga para meu cabelo podre e nem para minha barba de bode. Qual será o segredo de tanta fama? Sou feio mas tenho banda", diz um trecho da letra.
No álbum também há uma homenagem a um dos cantores preferidos de Mozine, Adelino Nascimento, que morreu em 2008. A banda fez uma versão da música "Meus olhos estão chorando" e  a chamou de Adelino Nascimento. Nesta faixa, Jimmy, vocalista da banda Matanza faz uma participação especial. Além de Jimmy, o CD conta com as particiapações de Philipe da Dead Fish e Kaka da banda Catchside.

Merda/DFC - O Ludo de Satã
Laja Records - Pisces Records - Chop Suey Discos - MCR Company

E a banda Merda, um dos projetos de Fábio Mozine, lançou mais um split CD, desta vez com a banda DFC. O disco contém seis faixas da Merda e nove da DFC e é um disco de hardcore doidão para ninguém botar defeito.
Além de músicas rápidas e de peso, as faixas da Merda tem, em duas músicas, umas viagens que lembram algo psicodélico e de total liberdade. A Merda continua com seu som rápido, cru, com muita pegada e zueira total, como os fãs esperam, o sarcasmo continua e vindo deles isso é muito bom.
Já quando começa o som da DFC, o som também é rápido, agressivo e com boas letras. Além das duas bandas, o disco conta com uma arte, capa e encarte do CD, dos melhores vistos nos últimos tempos. Disco totalmente recomendável as pessoas que tem uma mentalidade aberta para sons pesados e diretos.
Livro
   
 Cobain - Dos editores da Rolling Stone
Editora Spring - 142 páginas

Kurt Cobain foi sem dúvida um dos nomes mais importantes da história do rock, não só pelas músicas mas também por várias de suas atitudes. A revista Rolling Stone, publicação estadunidense especializada em rock, atualmente tem versão em português e aborda artistas de gosto duvidoso. Mas no final dos anos 80 e início dos anos 90 (século XX), com o rock dando seus últimos suspiros na grande mídia, em parte devido a Kurt Cobain, a revista contava com bons jornalistas e durante alguns anos, poucos, fizeram grandes reportagens sobre o principal nome da década passada.
Neste livro há vários textos escritos em várias fases da banda Nirvana. E entre um artigo e outro várias fotos de muitas das fases da banda.
Nos textos, é possível o leitor saber sobre a banda e o motivo para várias de suas atitudes, o fato de não se interessarem pelo sucesso, a preocupação com a música, principalmente se ela estava sendo escrita e executada com vontade e não somente para cumprir contrato. Vários livros foram escritos sobre o Nirvana e Kurt Cobain, mas este tem uma visão diferente e por ser uma espécie de coletânea, ele acabada servindo como uma "fotografia do momento", de como tudo estava acontecendo na época. O livro é leitura totalmente recomendável, não só para os fãs do Nirvana mas a todos os fãs de rock e pode ser encontrado, em Itatiba, na Livraria Toque de Letras.

Filme

Aconteceu em Woodstock
Universal Filmes - comédia - 16 anos - 120 minutos

O filme Aconteceu em Woodstock é baseado em uma história real e mostra os bastidores deste que se tornou um dos maiores festivais de rock de todos os tempos.
O ano é 1969, e o personagem principal, Elliot Tiber, vê seus pais com dificuldades financeiras e decidi ajudá-los. Neste meio tempo, um vizinho de Elliot aluga sua propriedade para que alguns jovens relizassem um concerto. E com a aproximação do festival, a pousade de Elliot começa a receber vários hospédes que traziam consigo muito dinheiro. O filme não traz em momento algum cenas dos shows, apenas a montegem do palco, o aluguel da fazenda, os bastidores, como as pessoas da "cidade" se relacionavam com as que viviam no campo. Aconteceu em Woodstock é somente um filme, baseado na vida real, mas poderia muito bem ser um documentário, pois mostra o retrato exato de uma geração.

Vinil

Os Estudantes - Perdão EP
Todo Destruído

Estamos nos últimos meses da primeira década do século XXI e o mundo está todo conectado, todo tecnológico, mas têm hábitos que não mudam. Uma delas é em relação a ouvir música.
Por mais que a Internet facilite o conhecimento e a pessoa consiga baixar um milhão de músicas, nada substitui o lance de você comprar um disco, seja ele em CD ou vinil, mas vinil é muito mais legal. E além de comprar vinil, o lance é comprar disco de banda boa, que você irá ouvir até furar.
E é disso que se trata esse maravilhoso lançamento da banda carioca Os Estudantes. Um vinil, sete polegadas, cinco músicas, três do lado A e duas no B. O som é fantástico, não somente pela qualidade da gravação, mas sim pelas composições da banda. Quem gosta de punk rock, hardcore, tem que ter este lançamento na coleção. As músicas soam crua, direta, não tem frescura, é tudo muito natural. A banda que está na estrada há quase dez anos, demora para lançar seu material, mas quando faz arrebenta, e este EP é a prova, confira!