domingo, 11 de janeiro de 2015

O multi-homem Xico Sá

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Jornalista, cronista, comentarista, amante do futebol, das mulheres e de boa música. Assim pode ser definido nosso entrevistado Xico Sá, um homem que desdobra-se no rádio, TV e internet. Sempre bem humorado, Xico fala de assuntos polêmicos e triviais com genialidade e simplicidade ímpar. Ao Canibal Vegetariano ele falou sobre música, jornalismo, zines, literatura e programa de TV. Confira o papo.

Canibal Vegetariano: Você comenta futebol, comportamento e assuntos diversos. Mas qual é o seu assunto favorito?
Xico Sá: Fui repórter de polícia, política, esporte, cultura... A longa experiência de redação de jornal faz da gente um especialista em generalidades, comentar qualquer e todo assunto, desde que se informe, leia muito e tenha algum humor. Tudo que falo na televisão é resultado direto do que escrevo em minhas crônicas sobre relacionamentos ou futebol – meus dois assuntos preferidos.

CV: Durante a Copa, você participou do programa “Extraordinários” que trouxe outra maneira de fazer programa de esporte. Você acredita que esse projeto terá continuidade? Como foi a receptividade por parte do público?
XS: A aceitação foi muito grande, talvez por ser aquela bagunça toda – sem mediador, sem ordem, sem censura. Por isso o programa está voltando agora em setembro, no segundo turno do Brasileirão.

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CV: Nós somos um fanzine e um blog escritos por pessoas que amam o rock’n’roll mas que não têm formação de jornalistas, mas trabalhamos com mídia. Qual importância dos blogs atualmente e como você vê esse lance de mídia ‘especializada’ independente?
XS: É a coisa mais importante do momento em comunicação. Além de um ótimo contraponto à velha mídia tradicional, ajuda essa própria mídia a tentar se renovar um pouco, dá uma espécie de “se liga” na velharia estética da imprensa. Gosto dos fanzines desde a explosão do punk no Brasil, no ABC paulista, implorava para que meus amigos de São Paulo me enviassem as publicações.

CV: A tecnologia proporcionou uma certa independência na maneira de consumir e produzir informação. Para você, isso contribui ou piora na maneira como a população recebe essa informação?
XS: Contribui e foi uma revolução. Sem essa de ficar dependente de quatro ou cinco grandes grupos que dominavam a informação no país. Hoje a coisa fragmentou geral e um blogueiro pode ser tão importante, em determinados momentos, do que um grande crítico “oficial” ou um colunista de uma grande revista.

CV: Vamos falar de cultura, área que você conhece bem. Entre vários livros que escreveu, qual você considera melhor e consegue identificar o que menos lhe agrada?
XS: O melhor é o “Tripa de Cadela & outras fábulas bêbadas”, um livrinho de contos que foi publicado pela Eloísa Cartoneira em 2009. Essa editora alternativa de São Paulo é ligada à cooperativa de catadores de papelão da cidade, os livros são confeccionados pelos próprios catadores. Esse é meu livro mais rock´n´roll, digamos assim. O que menos me agrada é o “Divina comédia da fama”, um livro mais jornalístico, escrito sob encomenda para a editora Objetiva.

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CV: Como está o mercado editorial atualmente em nosso país?
XS: Para o autor está a mesma joça de sempre, afinal de contas a gente fica com apenas 10%. Em compensação, nunca foi tão fácil e barato, graças às novas tecnologias, a auto publicação, a publicação independente ou fazer o livro apenas em e-book.

CV: Quais seus escritores favoritos e que também servem de influência? 
XS: Henry Miller, John Fante e Bukowski seguramente estão entre os preferidos estrangeiros. Dos brasileiros fico com o velho Machadão de Assis, Lima Barreto, Graciliano Ramos, Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, Sérgio Sant´Anna...

CV: Atualmente, quais bons escritores você indica para nossos leitores?
XS: Reinaldo Moraes, Joca Reiners Terron, Lourenço Mutarelli, Andrea Del Fuego, Marcelino Freire, Clara Averbuck, Marcelo Mirisola... A lista é grande.

CV: Música, o que você ouve quando está no trabalho, momentos de lazer... Gosta de rock? Cite 5 bandas favoritas ou cantores, os que mais lhe agradem independente de estilo.
XS: Sem música não tomo nem banho direito. Retomei agora meus velhos vinis e tenho ouvido muito Neil Young, Leonard Cohen, Patty Smith, Captain Beefheart, Boris Vian, Serge Gainsbourg, Wander Wildner, o Robertão de 1971, românticos antigões como Nelson Gonçalves [som do meu pai], samba-de-breque do Moreira da Silva e os primeiros discos do Mundo livre S/A [banda da qual sou parceiro em algumas letras], entre outras tantas coisas. O método tem sido pegar os vinis, limpar e botar para tocar de novo.

CV: Uma pergunta que não quer calar. Além de toda competência que você tem como jornalista, algo que chama atenção são suas camisas. Onde você as compra? E desde quando você as usa?
XS: A maioria compro em feiras do interior do Nordeste e em brechós de São Paulo.

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